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Rita Moreira

São Paulo/SP, 1944
Jornalista e Videomaker
Entrevista concedida em 2022

Rita Silveira Cintra Moreira é jornalista e videomaker, nasceu em São Paulo/SP, no dia 1º de novembro de 1944. Rita é conhecida pela direção de documentários como Lesbian Mothers (1972), A Dama do Pacaembú (1980) e Temporada de Caça (1988). Nos anos 1970, chegou a se auto-exilar em Nova York devido a situações de perseguição como a narrada acima.

Transcrição: 

Eu fugi de São Paulo. São Paulo era um horror, em São Paulo eles estavam pegando as pessoas e torturando. Eu estive em Nova York na segunda onda do feminismo, nós fomos pra lá em 72 e era um outro mundo. Era o feminismo, aliás eu comecei misturado com o movimento gay um pouco, e depois feminista mesmo.

Em Nova York sim havia a The Dutchess, que é citado em muitos livros. Lá no Dutchess a gente dançava, dançava. É dançar, menino, quase toda noite a gente ia pro Dutchess, a gente dançava e organizava as próximas passeatas, marchas e etc. Era o máximo.  Mas aí eu falei, “o Montoro vai ser governador e agora não tô conseguindo mais nada” e voltei. Eu lembro uma cena, eu lembro eu na casa da minha mãe, com a Norma, diante da lareira – que nós voltamos e ficamos aqui uns quatro meses – eu lembro de nós duas, as duas chorando por causa do Brasil.

Tinha um lugar ali, sabe onde é a Avenida Ipiranga? Tinha uma esquina, era conhecida essa boate, nós estávamos lá dançando – mulheres, acho que era só mulheres –, nós dançando, aí entram eles. Porque a qualquer hora, em qualquer minuto, podiam entrar eles – espero que eles não estejam aí na porta –, a polícia. Aí entram, militares, né, entram, menino, entram quinze e dão a volta com aqueles revólveres assim, e sabe o que que nós fizemos? Ai… me arrepia, continuamos dançando! E era ditadura ainda, e eles dando a volta, nós olhando umas pras outras, dançando.

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