A pandemia de COVID-19 atingiu a população brasileira em uma situação de ampla vulnerabilidade social e econômica.
Foram até setembro de 2022 mais de 684 mil mortes devido à doença. Altas taxas de desemprego em associação com o desmonte das políticas sociais, incluindo um agravamento do já crônico subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), criaram uma situação propícia para uma crise sanitária de proporções inéditas, incitada pelas ações equivocadas e inações deliberadas na condução do enfrentamento da pandemia no país.
Toda epidemia é, ao mesmo tempo, um fenômeno biológico, social e histórico que se expressa de forma desigual na população, refletindo as iniquidades no risco de infecção, adoecimento e morte e no acesso ao cuidado em saúde. Nesse contexto, a carga de morbidade e mortalidade da COVID-19 recaiu principalmente sobre os mais pobres, as populações negras e tradicionais, os socialmente excluídos, desvelando e aprofundando as já enormes desigualdades sociais em saúde no país.