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Antonio Favano Neto

São Paulo/SP, 1935
Comerciante
Entrevista concedida em 2016

Antonio Favano Neto é comerciante e nasceu em São Paulo/SP no dia 30 de julho de 1935. Durante a ditadura houve períodos de grande carestia e crises de abastecimento. Aqui, Antonio relata que o arbítrio do governo se traduzia em decisões desastrosas também nas políticas voltadas à gestão da produção alimentar.

Transcrição: 

Nós tivemos problemas climáticos grandes e uma política agrícola totalmente errada, criaram grandes problemas no abastecimento. Mas no abastecimento geral, de carne, de tudo. Eu acho que um dos maiores erros do governo federal foi o abastecimento.

Tanto é que eu fui preso e me soltaram porque o Figueiredo, que se tornou meu amigo, ele falou: “Plante que o João garante”, e o produtor plantou e faltou feijão e ele mandou o Exército pegar feijão na lavoura a preço mínimo. E eu caí na besteira de falar: “Na próxima vez vocês plantam que o João toma”. E aí você já viu o que deu, né? Existia um homem forte no governo chamado general Glauco de Moraes, que ele achava que tinha que vender o feijão por tanto e ele não queria saber se o produtor está ganhando ou não.

Havia grandes interferências. Tanto é que o Golbery do Couto e Silva chegou a mandar misturar soja com feijão preto pra vender mais barato. Então quando você punha o feijão [com a] soja, que nós apelidamos de “black tie”, ficava aquela gosma que a soja estragava o feijão, o feijão estragava a soja. E por incrível que pareça, o carioca é muito criativo, eles iam no mercado e compravam a preço de tabela soja misturada com arroz e na porta do supermercado eles separavam, jogavam a soja fora e vendiam o feijão mais caro, pelo preço que queria, porque faltava feijão.

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