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Roberto Buzzo

Guaraci/SP, 1956
Bancário
Entrevista concedida em 2022

Roberto Donizete Buzzo é bancário e nasceu em Guaraci/SP no dia 12 de agosto de 1956. Sindicalizado desde 1977, passou a ter atividade intensa a partir de 1985. No tempo em que o sindicato era dominado por dirigentes favoráveis à ditadura, Buzzo limitava-se a usar serviços da entidade como o restaurante e a barbearia, que eram subsidiados. Baixos salários e inflação criavam dificuldade de sobrevivência para a população, que de 1979 em diante começou a entender e, em amplo número, apoiar as greves como movimentos legítimos. Essas atividades criaram condições para a renovação das direções sindicais.

Transcrição:

Ainda havia censura, os próprios jornais, havia poucos jornais, o Estadão, a Folha, a TV Globo, eles mesmos, nem precisava ter censura. Mas se eles quisessem ousar… sabia que tinha censura, os caras iam lá e acabavam. Portanto, de quem é a culpa da situação que estava ficando cada vez pior? Desemprego, salário que não dava pra nada, de quem é a culpa?

Os sindicatos serviam para fazer, no nosso caso, os bancários, até íamos almoçar lá todo dia, eles tinham refeitório, com almoço. Porque a gente não tinha condições de comer na rua, não tinha ticket refeição, essas coisas, isso não havia, você recebia só o salário e o salário não dava pra você ir almoçar lá no boteco todo dia, aquele PF lá. Então o sindicato tinha lá o refeitório que era subsidiado, então a gente ia lá, tinha um barbeiro e a gente ia cortar o cabelo lá que era mais barato. O sindicato servia pra isso.

Em 1979 começaram as greves do ABC, mas eram greves tão massivas que ficou claro para a população… e a inflação estava clara pra todo mundo. Todo mundo entendia e entendeu naquela época a questão da perda do poder aquisitivo do salário e da necessidade de fazer alguma coisa pra repor. E os operários lá do ABC, o que eles queriam? Repor o salário, nada mais do que isso, estavam fazendo greve por causa disso. Então a população achava que estava certo, a população falava: “Tem que fazer isso mesmo, a gente aqui só não faz porque a gente não tem condições, mas a gente deveria fazer também”.

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