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Randau Marques

Icaçaba/SP, 1949
Jornalista
Entrevista concedida em 2005

Randau de Azevedo Marques foi jornalista, nascido em Icaçaba/SP no dia 29 de agosto de 1949. No início da década de 1980, Randau apurou e denunciou o que chamou de o “Vale da Morte”, ou seja, resultado do desastre ambiental causado pelo complexo industrial de Cubatão. A poluição na região gerava chuvas ácidas e o nascimento de centenas de crianças com anencefalia.

Transcrição: 

Eu entrei na questão ambiental realmente porque era uma maneira de driblar a censura. Eu sempre fiz um jornalismo científico e adotei como principal fonte um sobradinho de dois quartos onde ficava uma ONG chamada SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Foi graças a essa interdisciplinaridade que eu consegui não ser preso novamente quando fiz a denúncia de que aquela estância hidroclimática não era uma estância hidroclimática; nós estamos falando de Cubatão. 

E eu apresentei ele em uma série de reportagens como sendo o Vale da Morte, com as provas documentais do que estava acontecendo em Cubatão. Isso para evitar que os “Cubatões” continuassem aflorando, que as devastações continuassem arrebentando com o país, e que a poluição do ar continuasse provocando surtos de anencefalia, como ficou comprovado lá em Cubatão. Crianças sem cabeça nascendo em função da exposição de suas mães aos contaminantes ao redor, no meio-ambiente.

Contra as evidências científicas nunca houve qualquer possibilidade de blefe. Essa matéria o New York Times e vários outros jornais republicaram na íntegra; ela causou um impacto internacional. A Oikos foi criada como uma organização pioneira na medida que em plena ditadura ela entrou com uma Ação Civil Pública contra o Polo Industrial de Cubatão, obrigando os industriais, os empresários, a deixar de envenenar a população, meio ambiente e tudo o mais.

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